segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Salmo 34

“O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum será condenado”.

O salmo 34, declara a bondade de Deus, a sua justiça e a força redentora para com seus servos. O contexto retratado é o de I Samuel 21. 10-15, onde é descrito como Davi se livrou das mãos do rei Abimeleque [Aquis] da Filisteia.

Ao analisarmos o salmo percebemos uma nítida divisão de conteúdo. Na primeira parte [v. 1-10], temos um canto de louvor ao Senhor que ouve o clamor do aflito [v.6]. A segunda parte [v. 11-22], trata de uma lição de sabedoria: aquele que desejar ser feliz deve temer ao Senhor que faz justiça aos bons e aos maus.

Três são os destaques que faço do texto sagrado e sobre eles procurarei tirar lições para os dias de hoje. Vejamos.

1.       A bondade de Deus.

A bondade de Deus é anunciada em toda bíblia [Neemias 9:31; Salmos 52:1; Salmos 145:9; Joel 2:13; Isaías 63:7;  Jonas 4:2; Efésios 2:7 ...] sendo explicitada nesse texto pelo fato de ouvi o clamor do seu servo [v.4]. Essa condição torna o Deus de Israel uma divindade de relacionamento, próxima aos seus, sensível a sua dor. A bondade de Deus também é manifesta pelo fato de:  

a)      livrar – v. 4;
b)      iluminar – v.5.
c)       não causar vexame – v. 5
d)      acolher – v. 6

O reconhecimento da ação de Deus em sua vida leva o salmista a expressar o mais profundo louvor.
Louvarei ao SENHOR em todo o tempo; o seu louvor estará continuamente na minha boca.
A minha alma se gloriará no Senhor; os mansos o ouvirão e se alegrarão.

Engrandecei ao Senhor comigo; e juntos exaltemos o seu nome.” Salmos 34:1-3

É interessante notar como Davi está tomado do sentimento de alegria. Ela transparece em cada verso [Almeida Revista e Corrigida] e podemos sentir que é bem real, sem superficialidade em suas palavras. Por outro lado, é também maravilhoso observar a associação que o valente de Deus faz entre mansidão e o perfeito entendimento da ação divina. Justamente ele, um homem de guerra. A mansidão, não determina por si mesma a compreensão dos feitos de Deus, nem tão pouco salva o pecador, mas sem dúvida, é parte integrante de todos os fiéis que amam a Deus e obedecem a sua lei.

 Veja alguns exemplos bíblicos.  

·         O próprio Deus se define como manso - Mateus 11:29; 25.5;
·         É uma qualidade que Deus aprecia no homem – 1 Pe 3.4.
·         Marca dos seus servos - 2 Timóteo 2:24.
·         Faz parte do fruto do Espírito de Deus – Gálatas 5.22

Esse mesmo espirito de Davi também está em teu coração? Estamos verdadeiramente dispostos a bendizer o seu nome em todo tempo, independente das circunstâncias adversas? Glorificar a Deus em meio aos apertos, a dor e a tristeza é um desafio a nossa fé, mas temos que glorificá-lo, porque esse é um estado natural do servo Deus. Eu o amo o meu Senhor independente do que me aconteça. Esse amor me levará a exaltar o seu nome e anunciar a sua salvação. Davi estava testemunhando de Deus, e você meu amado?

Ao compor esse salmo Davi não tinha intensão de se autopromover, como frequentemente acontece entre alguns líderes espirituais de nossos dias, mas reconhecer a mão de Deus em seu gesto desesperador. São atitudes como esta que colocam Davi como um homem segundo o coração de Deus [1Samuel 13.14]. Tal expressão não encobrem seus erros, mas revelam sua vontade em acertar, de estar no centro da vontade de Deus.

Daí, o seu convite: “Engrandecei ao Senhor comigo; e juntos exaltemos o seu nome”.
Deus é bom e isso basta [Salmos 34,11].

O segundo aspecto que gostaria de analisar com os irmãos é sobre a justiça divina.

A justiça de Deus

A bíblia fala claramente que Deus não tem o ímpio por inocente [Jó 8. 20-22], pelo contrário sistematicamente anuncia desde o Antigo ao Novo Testamento sentenças divinas sobre todos que praticam o mal [Deuteronômio 7.10; Salmos 21.9; 37.9-10; Provérbios 22.23; Isaias 5. 23,24; Obadias 1.16; Malaquias 4.1; Mateus 5.13; 10.28; Marcos 12. 5-9; Lucas 13. 2,3; João 3.16; Atos 3.23; Romanos 2.12; Gálatas 6.8; 1ª João 3.8; Apocalipse 11.18...]

No texto em questão encontramos as seguintes verdades:

a.       “A face do Senhor está contra os que fazem o mal, para desarraigar da terra a memória deles” [Salmo 34.16].

b.      “O infortúnio matará o ímpio e os que odeiam o justo serão condenados” [Salmo 34.21].

A santíssima presença de Deus não suporta o mal e pune com justiça todos os que a praticam. A justiça divina é profunda e asséptica [desarraigar – Kãrath – Cortar, extirpar, separar, destruir – Miqueias 5.10], vai além da morte física, visto que, até a memória [Zãkhar - Lembrar] do ímpio desaparece com ele [Jó 18.17; Sl 109. 15; Pv 10.7]. É por assim dizer uma segunda morte: O esquecimento.

A caminhada do ímpio tornasse duríssima. Cada golpe dado a um servo de Deus é cobrado no seu devido tempo. Um exemplo desta verdade está nas profecias contra a Babilônia. Essa cidade foi instrumento de Deus para punir a desobediência do seu povo, mas também, alvo da sua justiça, visto que praticavam os mesmos erros pelo qual Israel havia sido julgado. A justiça de Deus neste caso é TREMENDA, visto que, COMEÇA PELA SUA PRÓPRIA CASA, o que dizer dos que estão fora da sua graça?

 “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e se começa por nós, qual será o fim daqueles que desobedecem ao evangelho de Deus?” 1Pedro 4.17  

No verso 21, temos o destaque para a apalavra INFORTÚNIO.

Substantivo masculino ( c1538) 1 má fortuna; adversidade, desdita, infelicidade ‹ contar os seus i. › 2 acontecimento, fato infeliz que sucede a alguém ou a um grupo de pessoas ‹ i. domésticos › ‹ i. conjugais › Etimologia lat. infortunĭum,ĭí 'desgraça, infortúnio'.
http://houaiss.uol.com.br
                                                                                                                           
A desgraça acompanha o ímpio. Na bíblia temos alguns exemplos de pessoas e povos que se comportaram impiamente. Elas são modelos negativos, sinais de alerta para não incorremos nos mesmos erros.

·         O faraó da época do êxodo, teve sua família e seu exército alcançados pela justa mão de Deus por desafiar o seu poder.

·         O rei Jeoaquim que reinou sobre Jerusalém por 11 anos praticando tudo que era mau diante do Senhor. Sobre ele pesava a acusação de ter enchido Jerusalém do sangue inocente [Jeremias 22.13-19]. Esse rei ímpio e infiel foi justiçado pelas mãos dos caldeus, siros e moabitas.

·         Herodes Antipas [filho de Herodes, o grande – Mt. 2.1] vivia com a mulher do seu meio irmão Felipe [Marcos 6. 18], por essa razão João Batista confrontou-o com a Lei de Deus [Levítico 18.16; 20.21] sendo morto por ordem expressa do Tetrarca [Mateus 14.10-11], assim como Tiago [Atos 12.1-2]. Foi dele que partiu a determinação de prender Pedro [Atos 12. 3-4], para sacrificá-lo, afim de obter bônus políticos entre os judeus. Por proceder tão impiamente morreu comido por vermes [Atos 12. 21-23].

Acompanhei alguns anos atrás a história de um enfermeiro que assassinava idosos em seus plantões para ganhar alguns trocados das funerárias. Ele nunca se satisfazia com o tinha ou que recebera das funerárias, pois Satanás alimentava essa necessidade escravizando-o, até o momento em que caiu nas mãos da justiça. A descoberta dos seus crimes, foi também a sua destruição diante da sociedade onde representava o papel do bom moço. Deus cobra a conta da desobediência e da impiedade.

Se por um lado os ímpios colhem a condenação divina, o justo é alcançado por sua graça.

·         Deus protege os seus servos fiéis [v.7].
·         Nada falta aos que o temem [v.9,10].
·         Toda atenção e cuidado de Deus está sobre o justo [v.15].

É importante destacar que a presença de Deus na vida do seu servo, não significa está livre de problemas, mas, ter o consolo de Deus nas horas do aperto. Foi do agrado de Deus livrar Davi das mãos do rei filisteu, assim como pode ser do agrado de Deus que seu servo seja testado até o sangue. Hoje, temos relatos de muitos cristãos que estão sendo sacrificados por amor ao Senhor. Esse momento de testemunho será extensivo a todo planeta. A morte desses irmãos não entra em contradição com o salmo 34, pelo contrário, reafirma. A morte não é fim de tudo, mas o começo de uma eternidade com Deus. Na eternidade a mão do inimigo não tocará no servo de Deus. Esse cuidado divino na dimensão terrena é transferido para a dimensão espiritual.

“E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas. E o que estava assentado sobre o trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E disse-me: Escreve; porque estas palavras são verdadeiras e fiéis.”  

Apocalipse 21:3-5

Davi, consciente de que Deus retribui com justiça nossas ações, quer sejam boas ou más, se dispõem a ensinar as novas gerações a como proceder para ter uma vida abençoada.

·         No falar – Refreia a língua do mal – v.13.
·         No proceder - Aparta-se do mal e pratique o bem – v.14.
·         No desejar - Procure a paz e empenhe-se por alcança-la – v.14

Praticando esses conselhos o servo de Deus estará dando um grande testemunho do que o Senhor tem feito em sua vida e assim atraindo muitos outros para o aprisco do Deus de Israel.

A salvação de Deus

Em vários momentos o salmista deixa claro a ação redentora do Senhor.

a)      Livrou-me de todos os meus temores [v.4].
b)      Livrou-me de todas as tribulações [v. 6 e 17].
c)       Salva os de espírito oprimido [v.18].
d)      Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado [v. 20].
e)      Resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum será condenado [v. 22].

O Deus de Israel não só livra o pecador arrependido dos seus males [temores, tribulações, opressão, violência], mas também salva sua alma [v.22].

O TEMOR a Deus [(sXIV) p.ext. sentimento de profundo respeito e obediência ‹ t. a Deus › ‹ t. aos pais ›] substitui o medo da condenação eterna comum a todos aqueles que andam distante dos seus caminhos. A ação justificadora de Jesus Cristo assegura a salvação de todos aqueles que creem no seu sacrifício redentor [João 3.16]. Davi tinha clareza em quem depositara sua confiança. Numa palavra profética visualiza pela fé fleches da PAIXÃO DE CRISTO [“Preserva-lhe todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado”] o que o torna íntimo do seu Senhor que se revela a seus servos fiéis [Jeremias 33.3].

Deus salva os justos, nenhum será condenado. Essa promessa enche nossos corações de paz, consola nossa alma e nos dar a força necessária para enfrentarmos todos os nossos medos, tribulações e crises espirituais. É Deus quem promete e sabemos pelas escrituras que Ele não mente [Tito 1:2]. É Deus que nos acolhe, independente da nossa debilidade e fraquezas. Se o irmão ou a irmã tem um filho, um parente ou um amigo que em tempos outros andava com o Senhor e hoje está distante dos seus caminhos, receba essa promessa:

“O Senhor resgata a alma dos seus servos, e dos que nele confiam nenhum será condenado”.

Ao Senhor toda glória e honra, hoje e para todo sempre.

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