sábado, 29 de novembro de 2014

A OPÇÃO PIETISTA

O pietismo surge a partir da necessidade de romper com o frio dogmatismo e o racionalismo filosófico que tomara conta da fé cristã. As lutas doutrinárias haviam roubado a alegria da fé cristã, a experiência pessoal com Deus, a busca por uma vida santificada não fazia parte da adoração cotidiana dos fiéis. O pietismo nasce na Alemanha com Spener e Francke, mas também Zinzendorf e Wesley.

Spener

Após toda uma formação acadêmica-teológica Felipe Jacó Spener é chamado ao ministério [1666] em Frankfurt um ano após fundar os Colégios de Piedade onde seus alunos se dedicavam a uma vida de profunda devoção espiritual e estudo bíblico.

Na época [1675] lança seu livro “Pia Desideria” que seria a obra fundamental do pietismo alemão. Como almejasse uma vida santa aos fiéis luteranos usou da doutrina do Sacerdócio Universal para chamar a responsabilidade tanto leigos como clérigos da igreja. Vida pessoal com Deus era requisito até para a escolha de pastores.

Os discursos academicistas eram tidos como desnecessários uma vez que caberia ao sacerdote chamar os fiéis à obediência à palavra de Deus. A oposição logo surgiu uma vez que os lideres ortodoxos acusaram Spener de desprezar toda uma base doutrinária construída ao longo de muitos anos de luta contra o catolicismo, mas Spener estava mais interessado na santificação do crente do que seu nível de conhecimento doutrinário.

Augusto German Francke foi um fervoroso discípulo de Spener. Em suas conferências em Leipzig divulgava as ideias do seu mestre. Semelhante a Spener foi combatido pelos ortodoxos centrados nas universidades alemãs. No final de 1761, é chamado pela universidade de Hale até então centro disseminador do pietismo luterano.

August Hermann Francke


Os pietistas alemães são chamados a missão transculturais pelo rei da Dinamarca que desejava atender as necessidades espirituais de suas colônias na Índia. Esse foi o ponto de partida do pietismo missionário. Logo novos centros de missões são formados e missionários partem para evangelizar outras terras. A lapônia e a Groelândia são exemplos deste esforço evangelístico.

O pietismo luterano impactou o jovem Nicolas Luís Zinzendorf que ao se aproximar dos irmãos Morávios levará a missão as terras americanas. Sua comunidade de Herrnhut levará o evangelho as Ilhas do Caribe, Virgens, Guianas e a Pensilvânia. O excelente trabalho dos morávios junto aos índios americanos e a consolidação deste trabalho na fundação das aldeias de Belém, Nazaret na Pensilvânia e Salém na Carolina do Norte, bem como, na América do Sul, África e Índia amoleceram o coração dos luteranos que no início havia rejeitado a aproximação de Zinzendorf dos Morávios. De volta a Saxônia é aceito pelos luteranos e permanece em sua comunidade até seus últimos dias [1770].

A segunda leva de Morávios à América influenciou positivamente a João Wesley. Após uma experiência de quase naufrágio é posto em cheque as suas convicções cristãs ele renasce do mundo das dúvidas para o de uma fé consistente em seu salvador.

Nicolaus Zinzendorf


De formação rígida assumi o pastorado de uma igreja Anglicana na Geórgia onde procura impor uma dinâmica de vida devocional só encontrada nos tempos de estudante de Oxford [vida santa e sóbria, receber a comunhão uma vez por semana, cumprir fielmente suas devocionais e estudar a palavra por três horas a cada dia.]. Desanimado com a má recepção as suas ideias por parte dos georgianos larga a igreja e volta para a Inglaterra onde encontra seu antigo companheiro de Oxford Jorge Whitefild que desenvolvia um ministério de pregação na cidade de Bristol, Inglaterra. Contudo, havia sido chamado para assumir um pastorado na Geórgia e deixa o trabalho da Inglaterra nas mãos de Wesley, este o desenvolve de forma surpreendente. Mais tarde por razões teológicas [arminianismo x calvinismo] separam-se.

O ministério de Wesley cresce poderosamente a ponto de ser necessário a introdução de pregadores leigos [homens e mulheres] para prepararem os fiéis durante a semana para o culto dominical Anglicano. Uma vez comprovados a eficácia destes pregadores outros mais passariam a ser preparados por Wesley.

A separação da igreja Anglicana se dar aos poucos, Na condição de bispo começa ordenar novos presbíteros [segundo a autoridade bíblica] para o movimento afim de suprir as necessidades da igreja Anglicana, inclusive na América, agora liberta da dominação inglesa.
John Wesley, Metodista

Consciente que grandes grupos causariam dificuldades no controle dos seus membros adota para o movimento as reuniões em pequenos grupos [12 pessoas] onde o líder espiritual teria melhor condições de tratar as dificuldades existenciais. A reunião com os líderes destes grupos passou a se chamar de conexões e deu origem as Conferência Anual dos Metodistas.

O afastamento da igreja Anglicana ocorre a seu contragosto, mas se fortalece com o passar dos anos se consolidando após a sua morte. O metodismo cresce com o fenômeno da Revolução industrial e entre os sem igrejas na América. Na América ele ganha outro rumo e separa-se de Wesley nascendo a Igreja Metodista Episcopal.

Todos esses movimentos aqui citados têm características do pietismo luterano alemão, porém o metodismo vai mais longe ao colocar em seu corpo doutrinário a preocupação pela justiça social.


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