quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O mundo dos mortos-vivos


Qualquer grande cidade brasileira enfrenta o desafio das drogas. Para nossa tristeza já é comum observarmos um número crescente de jovens viciados nos mais diferentes tipos de alucinógenos. Segundo estatísticas do Ministério da Saúde1 em 2005, 0,7% dos jovens entrevistados entre 14-17 anos já haviam experimentado o crack. Sabemos que a vida útil de um viciado em crack é de 5 anos o que torna urgente uma resposta da sociedade organizada frente a essa problemática.

Lendo um pouco mais sobre esse tema me deparei com inofrmações2 que apontam a expansão do crack no Rio Grande do Norte na ordem de 30% ao ano e que 90% dos crimes cometidos na capital do RN têm ligação com o trafico. Diante do exposto fica claro que já é hora de agirmos como igreja do Senhor a fim de evitarmos que nossas cidades e país se transforme em um amplo território de zumbis.

O Estado, a família e a Igreja têm que se unir para fazer frente a essa que é a mais significativa investida do inimigo em nossos dias. Mas, como lutar contra esse mal? Essa é uma questão fundamental para a solução do desafio das drogas no século XXI. Não ignoramos a ação maligna nesse negócio [Joa 10:10 - O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.], por isso nos apegamos a Deus e nos nutrimos Nele para orientar nossas ações, porém não desprezamos o valor de uma ação mais efetiva do Estado no que diz respeito a atender as populações mais vulneráveis do nosso país em suas necessidades básicas de emprego, moradia, saúde e educação. Sabemos que isso não é tudo, mas é de grande importância quando tratamos de uma temática tão complexa.
A família é outro contraponto nessa luta contra as drogas assim como a igreja. Uma dificuldade inerente aos nossos dias é que a família encontra-se em uma profunda crise de valores. O relativismo comum ao mundo pós-moderno, o distanciamento de Deus tem posto em cheque sua capacidade de formação das novas gerações.

Nesse dias para minha supressa pude constatar uma das fragilidades da família moderna em minha sala de aula. Quando perguntei numa prova para os alunos do 6º ano A, B e C quem era o fundador do cristianismo obtive a seguinte resposta:


Turma
Opções
Total
Maomé
Buda
Jesus
Não respondeu
6 ano A
29
24
02
03
-
6 ano B
39
23
02
14
-
6 ano C
24
15
03
02
04

Diante desse resultado pude constatar o quanto a educação religiosa deixou de fazer parte da vida familiar. O excesso do cientificismo tem riscado Deus do coração dos homens e em seu lugar colocado o materialismo com todo seu esplendor. O jovem doutrinado nessa filosofia de vida possui uma mente vazia que comanda um corpo também vazio e quem o pode segura-lo?

A família, uma instituição divina [1Co 6.16] nessas condições reproduz uma sociedade doente e sem cura. No salmo 127.1, o autor sacro faz a seguinte afirmação:

“SE o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.”

Sem Deus não dar. O lar sem uma solida formação cristã está fragilizado diante das armadilhas de satanás. A droga é apenas um dos seus instrumentos de dominação e destruição [Joa 10:10 - O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância.]. Nesse contexto cabe a igreja fortalecer a família para que ela ocupe o espaço que Deus a consagrou desde a criação.

A Igreja para cumprir com êxito essa função tem que mudar sua forma de atuação sem que para isso tenha que deixar de lado seus princípios e fundamentação teológica. Não podemos falar de Jesus como fazíamos a cerca de 50 anos atrás. Temos que tornar nossos cultos mais dinâmicos, atrativos para nossa gente e povos outros. Recursos existem é só empregá-los com sabedoria e ética.

A internet, o rádio, a TV são instrumentos que alcançam milhares de milhões, embora jamais substituam o contato pessoal, olho no olho são de grande importância para apresentar Deus a uma geração que não o conhece em sua eficácia.

As mensagens transmitidas a essa gente devem ser construídas sob a unção de Deus e na direção de um ouvinte pós-moderno. Sua contextualização é necessária ao tempo de hoje, sob o risco de não sermos entendidos.

A igreja precisa urgentemente mobilizar sua liderança e membros e sair de suas quatros paredes para visitarem os rios que cortam a nossa cidade [Potengi e Pintibu] e tomar ciência e sensibilizaram-se com a questão ambiental que envolve a poluição das águas, a morte dos peixes , a contaminação de alimentos tão necessários para os que estão fora da faixa mínima de consumo, muitas se não todas as vezes, fruto da ganância dos homens e seus empreendimentos destruidores da natureza criada. Ela precisa alertar a esses que os mesmos serão cristãos mais autênticos e verdadeiros na medida em que respeitarem o meio ambiente [criação de Deus] e que é possível crescer financeiramente nesse ou naquele negócio de forma honesta cooperando para o bem estar de todos.

Ela tem que sair a noite pelas ruas da cidade visualizando toda sorte de miséria humana. É preciso ver os drogados, as prostitutas, os loucos templos do consumo e suas vitimas vazias de Deus e de esperança: homens e mulheres em total e absoluta miséria espiritual. É necessário visitar os abrigos para idosos e sentir suas carências e descriminação frente a uma sociedade que só tem olhos para a juventude, culto ao corpo e outros, estando cegos e ignorantes a verdadeira sabedoria adquirida ao longo dos anos de vida. Nossos jovens precisam ver isso na prática.

É preciso que a igreja se sinta parte integrante da solução do problema e não mera expectadora alienada e distante da realidade do ambiente em que está inserida. Já é hora de deixarmos de ser meros reprodutores de cânticos fáceis, de teologias mirabolantes [prosperidade] incentivadora do consumismo que nos mata, segrega [crentes vitoriosos e derrotados, abençoados e não abençoados] como se Deus em nós fosse medido pela quantidade de dinheiro que arranjo em meu dia-a-dia e não pela consciência que tenho e ajo em prol de todos.

É necessário irmãos um novo avivamento espiritual prático como o que aprendemos teoricamente na nossa EBD, que contemple a dimensão Deus [vertical] e homem [horizontal]. Essa obra é necessária e urgente, pois não podemos perder terreno para o mundo dos mortos-vivos ou sermos os próprios mortos-vivos, não pela ação das drogas, mas pelo entorpecer da nossa humanidade frente às necessidades do outro. Creio firmemente que Cristo pensou e agiu ativamente em seu contexto social para torná-lo melhor. Porque não nós outros?

Alguns dias atrás eu estava lendo Genesis capítulo 19 que trata da destruição das cidades de Sodoma, Gomorra, Zoar, Adama e Seboim [Gn 14; Dt 29.22; Os 11.8]. Essas cidades eram notórias pela sua perversidade. Sodoma em Apocalipse é chamada de cidade do crime [Ap 11.8], portanto digna da justiça de Deus.

Comparando a trajetória da sociedade moderna com a de Sodoma e Gomorra e suas congêneres percebo uma perigosa semelhança. Hoje vemos milhares de homens e mulheres escravizados pelo vício cujos corações e mentes estão focados unicamente na busca do prazer assim como os habitantes de Sodoma, Gomorra e demais cidades impenitentes.

Nesse texto percebi que a perda da imagem e semelhança de Deus transforma o homem num bruto. Quando o homem abaixa-se a condição de bruto ou morto-vivo, já não existe mais propósito ou esperança a não ser sua própria ruína. O que se segue é a aplicação da justiça de Deus. Vejamos alguns exemplos históricos acerca desse principio.

·         O dilúvio – Gn 6. 12-14.
·         O cativeiro do reino de Israel e Judá.
·         A destruição de Nínive – Naum 2.
·         A destruição da Babilônia – 2Cr 36.22-23 [decreto de Ciro frente a uma babilônia conquistada].
·       Nova destruição de Jerusalém no ano 70 d.C. – Mt 24.1-2 [profecia de Cristo que trata da destruição do templo e indiretamente da cidade de Jerusalém].
·         Outros.

A aplicação da justiça divina tem por objetivo a restauração da ordem anterior, é um novo recomeço. Creio que estamos muito próximo da chamada medida da iniqüidade [Gn 15.16]. Ela é que aciona todo um processo de tomada de contas por parte do criador. O mundo dos mortos-vivos é hoje uma grande ameaça que paira sobre todos nós. Como servos de Deus que somos não podemos ficar de braços cruzados. Sei que o esforço é coletivo, portanto não depende só da igreja, mas creio que está tem uma grande parcela a contribuir para evitar o caos anunciado.

Concluo esse breve texto me questionando a cerca do que tenho feito como Igreja do Senhor para modificar essa situação em que se encontra o mundo moderno. E você meu irmão? Já pensou nesse assunto? O mundo dos mortos-vivos já é uma realidade. Portanto:

“Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.” João 9.4

Fontes:
 1.  CEBRID (Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicotrópicas) - pesquisa do ano de 2005.
 2. Nominuto.com – Cidades – segunda-feira, 31/05/2010 – “Frente Parlamentar de Combate ao Crack é lançada em audiência pública”.

Missões Nacionais 2010 ( Cracolândia) por ricardacz9  no Videolog.tv.


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