sábado, 11 de setembro de 2010

De Jeca confusão a servo do Deus vivo – Parte 01.

Gênero: Ficção
Autor Jerônimo Viana de M. Alves.

Existe todo tipo de gente no mundo do meu Deus e o Jeca confusão é uma dessas raras espécies do mundo moderno. As diabruras desse cabra são notória em todos os recantos do sertões nordestino e não é pra menos, onde se encontrava o Jeca se instalava a confusão.

A estória desse infeliz vem de longe. No dia em que D. Maria se agoniou para botá-lo no mundo a cidadezinha de Boi Selado quase se acaba. Tomada de dor D. Maria fez questão de alertar todo o povoado da chegada do ingênuo. A triste senhora gritava tanto que encobria a própria sirene da ambulância o que causou um susto danado em João da Mala que tremulo feito geléia quase abre as comportas da represa por imaginar que estava chegando à grande enchente profetizada pelo pastor Moreira.
No hospital a coisa é que ficou feia. Chamado as pressas o Dr. Toquinho (chamado assim devido sua baixa estatura física) teve que lutar com todas as forças para arrancar o Jeca do ventre materno. O aperreio foi tanto que o afamado médico quebrou literalmente sua munheca.

¾     Vixe Maria! Gritou a enfermeira Leca tomada de terror pelo desespero da mãe e gritos do médico que enlouquecido pela dor clamava por Deus molhado feito um condenado pelo liquido amniótico que jorrava como cachoeira do útero materno.

Finalmente se ouviu o choro do rebento e logo em seguida o baque seco proveniente do corredor fruto do desmaio repentino do senhor Pedroso, pai brioso e responsável direto pela novidade.

Foi assim, que nasceu nosso Jeca. Desse clima de desordem nunca mais se afastou. Alguns vizinhos maldosos afirmavam de pés juntos que nem Deus o havia agüentado no mundo dos inocentes e de lá o despachara para ver se aprendia alguma coisa a terra.

 Do nascimento a escola foi só um pulo, D. Maria zelosa com a educação do filho logo o colocou na Escolinha de Inês de Padre. A cartilha do ABC parecia coisa do outro mundo e o nosso Jeca não desenrolava mesmo. Pouco adiantava D. Mariquinha ditar as palavras, contar lindas estórias com as letrinhas, pois o Jeca só queria brincar, correr e conversar com seus coleguinhas de classe. Esgotado os recursos didáticos o Jeca é devolvido a sua extremosa mãe que agora se via na responsabilidade de desenvolver no quengo do garoto algum pingo de sabedoria. Esse foi um período de grande ensinamento a todos da casa.

Jeca gostava de ver D. Maria aperreada do juízo e não perdia nenhuma chance para levá-la ao limite. Assim quando a mãe colocava uma letra no quadro negro e pedia que repetisse o Jeca simplesmente dizia:

¾     Não sei.
¾     Meu Deus, minha santa Terezinha do menino Jesus esse menino não aprende! E o desespero tomava conta da sofrida mãe.

Esse massacre infantil só terminou quando por um toque de iluminação divina D. Maria o colocou na escolinha de Sulene. A curiosidade do Jeca pela casa da vizinha foi o estimulo necessário para largar sua diversão e anunciar ao mundo que longe de ser um desmiolado era um sagaz estudante.
Continua ...

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